quarta-feira, 9 de março de 2011

9. TEMA 7 - HUME E KANT

Caros Alunos,
Após ler o texto: “David Hume e a Questão Básica da Crítica da Razão Prática”, de Eduardo O. Chaves, disponível em:
elabore uma postagem com seus comentários. Vc. tem até o dia 17 de marços, as 24hs. para postar.

51 comentários:

  1. A filosofia de Hume se ateve a três problemáticas, sendo elas: epistemologia, filosofia moral e filosofia religiosa, ameaçando, por conseguinte, a ciência, a ética e a religião.
    A epistemologia de Hume despertou Kant, levando-o à investigações que problematizassem as questões acerca da razão e do papel dela na moral, que em Kant é protagonista e em Hume é coadjuvante.
    Kant admite a importância das teorias de Hume, cita que elas embora deficientes em alguns aspectos e inacabadas, foram as que mais levaram adiante a busca dos primeiros princípios da moralidade, ele ainda se compromete a suplementá-las com a precisão de que carecem, segundo ele.
    No entanto, a teoria proposta por Kant serviria ou teria o propósito de refutar o que defendia Hume. Esse contraste entre dois opostos é bastante iluminador.
    Hume vê o bem e o mal como noções primárias e o que é certo e errado como noções secundárias e derivadas das primeiras, sem mencionar o "dever", noção amplamente discutida em Kant, pois o dever é que adestra nossa condição natural perversa, que não pode ser boa e por isso não gerará também algo bom. Para Kant, o dever e as noções de certo e errado que passam pela razão, são fundamentais.
    Hume acredita que a ação moral não deriva da razão, ele acha ter provado isso da seguinte forma: "a razão é perfeitamente inerte" e como a moralidade é prática, não pode derivar da razão, pois "um princípio ativo nunca pode ser derivado de um princípio inativo", no entanto, isso não faz sentido para Kant, que acredita que sem a razão não pode haver moralidade.

    ResponderExcluir
  2. As teorias de Kant e Hume são obviamente contrárias uma a outra. Até mesmo seus fundamentos e bases são opostos.

    No texto apresentado, é interessante a apresentação do fato de que as duas teorias éticas foram construídas quase que ao mesmo tempo – mesmo que Hume tenha publicado a sua primeiro – elas foram desenvolvidas no mesmo momento, sendo que Kant usa em sua proposta de teoria ética conhecimentos proveniente da teoria humeana e, em muito momentos, tenta refutá-la.

    Acredito que a diferença básica entre as teorias kantiana e humeana é o que motiva o indivíduo a praticar tal ação, ou seja, o que nos leva a sermos éticos. Para Hume, o que motiva nossa ação são nossos sentimentos, são eles que definem quais ações são boas e ruins e, consequentemente, quais são e não são éticas, portanto, a razão na teoria ética de Hume é apresentada em um papel secundário, sendo utilizada apenas para auxiliar o indivíduo a buscar meios de realizar ação que “sigam” seus sentimentos. Já na teoria kantiana a razão assume o papel principal da atividade ética humana, nas ações realizadas pela razão pura prática, Kant introduz também o dever como um conceito fundamental, já que realizamos as ações éticas porque devemos realizá-las.

    Outra grande diferença apresentada entre as duas teorias em questão é a forma de como se obter felicidade através de suas ações – ponto que eu, pessoalmente, busco compreender em todas as teorias éticas apresentadas. A felicidade para Hume é encontrada através da realização de ações que seus sentimentos te levam a realizar, ou seja, a felicidade é fruto da realização das ações que você deseja realizar. A felicidade para Kant é encontrada através da realização de ações que de deve realizar. É clara a diferença aqui, já que desejar e dever são motivos diferentes para a realização da ação e, acredito eu, esse é o ponto fundamental da diferença entre a ética de Kant e a ética de Hume.

    ResponderExcluir
  3. A filosofia de Hume foi criticada nos seus três conjuntos de problemas: epistemológicos, filosófico-morais e filosófico religiosos. Foi Hume que despertou Kant da sua “sonolência dogmática” e que o levou a fazer as investigações que culminaram na crítica da razão pura. O problemas básicos da filosofia moral de Kant é visto como uma tentativa de responder ás conclusões céticas e as irracionalistas de Hume a respeito da moralidade.
    Para Hume a base da moralidade se encontra nas paixões, excluindo a moralidade da esfera da razão e excluindo também a razão pura de toda e qualquer participação na vida moral. Kant tinha como objetivo refutar a posição defendida por Hume, e que é, portanto, bastante iluminador e instrutivo ver a filosofia moral de Kant como uma tentativa consciente de se responder a Hume. Ele fez isso compreendendo a essência do desafio Humeano, tentando atacar este problema central.
    Quando observa que o ponto de desacordo mais fundamental entre Hume e Kant, no que diz respeito às suas teorias éticas, é o seguinte: para Hume a noção de bem e mal são primárias, as de certo e errado secundárias, e derivadas das primeiras. Hume mal menciona a idéia do dever. Uma ação ou intenção certa é simplesmente aquela que leva, ou tende a levar, a um bom resultado. Para Kant, a noção do dever, ou da obrigação, e as noções do certo e errado, são fundamentais. Um homem bom é aquele que habitualmente age certamente, e uma ação certa é aquela que é realizada por um sentimento de dever.
    Kant distingue entre dois tipos de bem: bonitas naturalis (ou pragmatica) e bonitas moralis. O primeiro é um bem condicionado ou relativo, um bem que não é "bom-em-si-próprio", mas simplesmente bom em função de algo que se deseja. A bonitas moralis tem a haver com fins e propósitos que pessoas podem ter.
    O que faz um ser feliz não faz, necessariamente, o outro feliz também, a questão do que seja a felicidade para um dado indivíduo, e de quais sejam os melhores meios de atingí-la, é uma questão empírica, que cai dentro do domínio da razão empírica, não da razão pura. Assim que a razão determina quais são os melhores meios para este fim universal, o desejo de ser feliz se torna a força propulsora e determinadora da vontade, movendo a pessoa a agir em conformidade com as "ordens" da razão empírica.
    Hume coloca o problema da moralidade em termos de uma alternativa. A primeira alternativa é a posição racionalista. A segunda alternativa, é a posição do próprio Hume . Na primeira alternativa, Hume diz que há aqueles:
    "que afirmam que virtude nada mais é do que conformidade aos ditados da razão; que coisas têm, eternamente, propriedades e impropriedades, as quais são as mesmas para todos os seres racionais que as contemplarem; que medidas imutáveis de certo e errado impõem uma obrigação, não só sobre as criaturas humanas, mas também sobre a própria divindade. Todos estes sistemas concordam em afirmar que a moralidade, como a verdade, é discernida meramente através de idéias, através de sua justaposição e comparação. Para considerar estes sistemas, portanto, precisamos considerar apenas se é possível, através tão somente da razão, distinguir entre o bem e o mal moral, ou se há outros princípios que nos capacitam a fazer esta distinção" (TNH, III:i:1).
    A moralidade, diz ele, deve, "supostamente, influenciar as nossas paixões e ações, e ir além dos juízos calmos e indolentes do entendimento". Mas se isto é verdade, "segue-se que (as distinções morais) não podem ser derivadas da razão, e isto porque a razão, como já provamos, nunca exerce influência alguma sobre a conduta". Na segunda Investigação Hume menciona que "a razão, sendo fria e desengajada" não é motivadora de ação. Hume está convencido de que a razão pura não pode ser prática, e que, por tanto, as regras da moralidade não podem ser conclusões de nossa razão. A Crítica da Razão Prática foi escrita para mostrar que Hume estava errado nesta sua conclusão.
    .

    ResponderExcluir
  4. continuação...

    Visto a razão pura, segundo Hume, tem a haver tão somente com as ciências matemáticas, a contenção de que ela "nunca influencia nossas ações" não parece sequer necessitar de substantificação. Hume não exclui toda e qualquer participação da razão empírica em nossos juízos morais: o que ele exclui é a sua participação como fonte de juízos morais, como motivo influenciador da vontade. No que diz respeito a estes aspectos, também a razão empírica é inerte.
    A razão empírica opera, segundo Hume, mais ou menos da mesma maneira que para Kant: tentando descobrir os melhores meios de se atingir um dado fim. Em Kant, o fim - felicidade - é natural, no sentido de que todos os seres racionais, em virtude da constituição de sua natureza, querem, de fato, ser felizes. Em Hume, os fins - i.e., aquilo que realmente nos atrai e nos move a agir - são os prospectos de prazer ou dor que certos objetos ou ações nos oferecem. Mas Hume levou o seu argumento ainda mais adiante. Ele também procurou mostrar que, quando se fala filosoficamente, não é apropriado se referir à força que se opõe às nossas paixões como razão.
    Hume não está dizendo que nossos desejos e nossas paixões nunca são contestados ou resistidos, porque a razão é incapaz de resistí-los, ou de se opor a eles. A razão, diz ele, é "fria e desengajada" - isto é, ela opera sem produzir emoções.
    Hume, como Kant, também está interessado em explicar porque é que, não infreqüentemente, pessoas agem contra os seus próprios interesses. A diferença entre Hume e Kant é que Hume não acredita ser necessário introduzir aqui a lei moral e a razão prática pura para explicar este fenômeno.
    Segundo Hume, a única coisa que é capaz de mover a vontade do homem é a sua natureza passional A razão só pode ser a escrava, ou a coordenadora, destas paixões. A razão só participa da vida moral de um modo instrumental, procurando encontrar os melhores meios para a realização de propósitos que são sempre condicionados empiricamente. Kant, obviamente, nega isto. Ele acha que a razão pura, ou a razão nao-influenciada por desejos, emoções, ou paixões, e mesmo contrária a estes, pode ser um determinante direto da vontade e pode causar ações. Portanto, pode haver, e sem dúvida há, um conflito entre a razão e as paixões, entre o dever e o interesse. Na verdade, a moralidade, na forma em que a conhecemos depende deste conflito para a sua existência.
    Portanto, a questão básica entre Hume e Kant é que o primeiro negou, e o segundo afirmou, que a razão pura pode ser prática.

    ResponderExcluir
  5. Após a leitura do texto, percebi melhor a diferenciação entre a teoria ética de Hume e a de Kant e acabei considerando a última mais complexa.
    Hume acredita que a razão é serva das paixões e, portanto, não haveria um confronto entre razão x paixão, mas um conflito entre paixões calmas x paixões violentas (paixões calmas seriam como desejos de efeito geral ou bondades praticadas de maneira consciente pelo indivíduo, e as paixões violentas, ao meu entender, seriam os desejos mais remotos aos quais o individuo necessitaria se adequar devido ao convívio social). Assim, são as paixões que determinam a força de vontade e a razão seria um mero instrumento da mesma, selecionando a maneira mais proveitosa de se praticar a ação, podendo ocorrer falhas nesse processo.

    Para Kant, existem diferentes tipos de razões utilizadas pelo ser humano na tentativa universal da procura pela felicidade. A razão de Kant que se aproximaria do conceito geral de razão de Hume, ao meu ver, seria a razão instrumental, a razão como um instrumento dos desejos e paixões, mas essa razão é apenas mais um tipo. Assim, podemos ver um pequeno aperfeiçoamento que Kant faz sobre a teoria de Hume (com a introdução e delimitação de diferentes tipos de razões), mesmo com as duas teorias partindo de bases diferentes.
    Segundo Kant, a razão que busca o conceito de bem geral, “bem-em-si-próprio” é a razão pura e a ordem estabelecida por ela é um imperativo categórico. Já razão prática está associada ao mundo sensorial, a desejos e o seu imperativo é o imperativo prático.
    Pelo que entendi, a razão pura pode se transformar em razão prática dado que nessa maneira a razão pura incentivaria a formação de vontades práticas na busca pela felicidade e regidas por um certo senso de dever, ao contrário de Hume que afirmava não existir o papel da razão como originador de vontades humanas, papel ocupado pelas paixões.

    ResponderExcluir
  6. Nitidamente as as duas concepções sobre a moralidade das ações dos seres humanos apresentadas em forma de antítese, na qual a principal diferença entre ambas é a questão de a razão pura poder ou não ser prática.
    Hume, primeiro autor a organizar a ideia de moralidade, propõe que as noções de certo e errado são secundárias e decorrentes de noções primárias de bem e mal. Ele afirma que a moral influencia e regula a conduta humana, coisa que a razão não faz, mostrando assim que nossas ações não provém da razão. Mas então de onde estas surgiriam? Das nossas paixões, que são denominados como vontade ou desejos.
    Kant, por sua vez, dizia que as noções de obrigações/deveres e de certo ou errado eram fundamentais, no qual Homem bom era o qual agia corretamente, e ação correta era a que era realizada baseadas em sentimentos de dever. A partir daí, é definida as leis morais, consequência dos conceitos de bem, nos quais foi caracterizados como "bonitas naturalis" e "bonitas moralis". A primeira tem caráter individuais de interesse em si mesmo, como meio de atingir determinada felicidade (vale lembra que Kant dizia que toda criatura racional desejava ser feliz), e como tal sentimento individual é passível de diversas interpretações quando colocada em um ambiente universal é atingida através da razão. Já o bem moral é obtido através do bem maior que é obtida a parti de uma razão pura.
    A partir dessas duas noções de bem, Kant estabelece também formas de imperativos, o que propõe as motivações. A que influencia a "bonita naturalis" seria mais hipotética e se comportaria mais como um conselho, já o para o "moralis" seria o categórico e teria comportamento de dever.( IMPERATIVO CATEGÓRICO <=> LEIS MORAIS <=> NOÇÕES DE NEM OU MAL).
    A partir desses conceitos estabelecidos, Hume demonstra que a razão é fria e desengaja, impassível de produzir emoções ou gerar qualquer tipo de contrariedade às emoções. Ao dizer isso, Hume coloca em cheque a questão de Razão X Emoção, e afirma que na verdade não é a razão que freia os sentimento ou os pondera, mas sim outro tipo de paixão, paixões mais calmas, gerando assim um briga entre paixões calmas e violentas, tirando a razão de foco mais uma vez e a transformando em mera relação causal.
    É então estabelecido por Kant o conceito de liberada, que é caracterizado pelo fato de nossa autonomia existir, pelo fato de podemos ir contra a razão e seguir em uma ação que vá contra o princípio de bem.
    Com essas colocações, ficam duas grandes propostas de regulamentação da moral e ações humanas, que são antagônicas, são bem estruturadas e que colocam em questões os conceitos de razão e paixão, porém, a única dúvida entre essas contraposições é a de que se Kant simplesmente se pôs contra as ideias de Hume e formulou algo em contraposição.

    ResponderExcluir
  7. Penso que Kant não fora despertado de seu sono dogmático, mas sim profundamente perturbado pelas conclusões que chegou Hume. Como é de nosso conhecimento, Kant era um reconhecido e respeitado cara metódico, reza a lenda que tinha hábitos tão controlados que por eles as mulheres domésticas podiam acertar seus relógios, Kant me parece muito com o personagem Sheldon Cooper, da série “The Big Bang Theory”. As conclusões de Hume propondo um mundo movido por paixões, aspirações, saciamento de satisfações, a própria idéia do experimentar deve ter assustado e muito a austeridade, a sobriedade dos costumes kantianos. É a esses argumentos que ele tenta responder, pra isso ele tenta alavancar a razão humana como algo que nos dignifica, que nos eleva, que nos domestica. Dessa doutrina da dignidade humana é onde conseguimos enxergar o valor humano e fazer tudo de forma racional para não ferir esse valor, mas essa proposição precisa estar fundamentada em deveres, em princípios universais, fixados e pétreos, que não são outros se não seus imperativos categóricos incondicionáveis. Kant conclue daqui uma superioridade da razão, assim como Sheldon. Kant conclui que não devemos mentir, assim como Sheldon. Hoje estamos mais propensos a descartar esse racionalismo-rotineiro-robótico de Sheldon, ou melhor, Kant e ter mais afeições a uma ética das satisfações, assim como as de Hume e a do utilitarismo. Todavia, a ética das satisfações, talvez por estar tão ligado às nossas experiências e menos nas razões, faz com que as boas idéias iniciais mais facilmente se desgastem, e mais facilmente vão sendo invertidas por outras com outros propósitos. Voltemo-nos então para as éticas mais afixadas e petrificadas, a ética dos deveres. Bazzinga!
    Daqui podemos tirar um impasse nítido entre as éticas: valor intrínseco dos seres humanos versus utilidade, saciamento humano. E desse impasse pode-se dizer que os fazem incompatíveis, inconciliáveis. Na aula estava pensando em algo que pudesse juntar de alguma forma as duas e logo pensei nas origens dessas éticas em países protestante e por conseqüência pensei na obra de Max Weber, “A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo”. Penso que podemos circunscrever, não sem alguns riscos e reservas, pequenos aspectos de Hume, Kant e utilitaristas na weltanschauung, cosmovisão protestante-ético. Hume foi introdutor de uma moral laica na sociedade, podemos associá-lo a Lutero, que também negou a submissão do Estado a Igreja, a idéia luterana de vocação também está muito próxima a secularização humeana, a mesma idéia do indivíduo que age, se realiza de acordo com suas paixões e propensões. Já Kant está mais para Calvino, as idéias kantianas de “pureza” das razões, de restrições e aplicações parece muito a idéia de ascese calvinista como os mesmos propósitos kantianos, elevar e fugir das dúvidas mundanas (consequencialismo mundano para Kant). Os utilitaristas Bentham e Mill já representam a si mesmos, no desejo de uma humanidade autônoma com fins específicos de conquista da felicidade, liberalismo clássico burguês, esse é o pensamento ético protestante plus espírito capitalismo. Weber estava em busca do que fez a civilização ocidental capitalista tão intensa e achou um constante “desencantamento do mundo” no nosso evolucionismo ético, um rompimento profundo com nossas bases éticas medievais, antigas preocupações escolásticas, de Spinoza e outros. O “desencantamento do mundo” colocou o homem numa relação mais direta com sua felicidade, com mais possibilidade de ação e daí as justificações constantes trabalham, os indivíduos passam a compreender o que está em jogo, muitas vezes sofisticando argumentos antigos (epicurismo – Hume e utilitaristas/estoicismo – Kant), mas também há de nos precavermos que as nossas novas e futuras conclusões sobre a felicidade humana não vire uma gaiola de ferro.

    ResponderExcluir
  8. A filosofia de Hume se baseia em três quesitos: epistemológica, filosófico-morais e filosófico-religiosos, por isso seu ceticismo naturalista quase destruiu ciência Newtoniana, os fundamentos da ciência, ética e religião.
    com sua filosofia ele apresentou que a razão não pode motivar nossos atos, a base da moralidade se encontra nas emoções, assim afastando a razão pura da participação na vida moral.
    Kant apresenta uma teoria na forma de ou-ou. “Ou: o principio é uma lei prática a priori, e a razão pura terá que ser considerada prática”. Ou: causador do desejo, objeto do prazer ou dor, extremo da razão, os atos só são bons, para um determinado fim.
    Na concepção de Hume os princípios de bem ou mal são primárias, e as de certo ou errado secundárias, derivadas da primeira, para ele uma ação é certa se resulta no bom, já na visão de Kant a noção de dever e de certo ou errado são essenciais, Ele diferencia o bom em dois tipos, o primeiro é um bom em algo que ambiciona, conhecido como bonitas naturalis , o segundo é um bom relacionado a fim e intenções, chamado de bonitas moralis.
    A teoria ética de Hume se baseia nas distinções morais que fazemos, por meio de impressões e ideias, Hume investiga se sabemos a diferença de nossas ações entre vício e virtude. A razão empírica jamais influência nossos atos, ela ajuda a achar o melhor caminho para um fim, esse pensamento é semelhante ao de Kant.
    Hume resume sua teoria nesta frase: "Quando alguém diz que uma ação, ou uma qualidade do caráter, é má ou viciosa, isto quer dizer que, provindo do íntimo da constituição natural desta pessoa, ela tem um certo sentimento de culpa ao contemplar esta ação ou qualidade. O vício e a virtude, portanto, podem ser comparados a sons, cores, sensções de calor e de frio, os quais, na filosofia moderna, não são qualidades de objetos, mas, sim, percepções na mente" (YNH, III:i:1; Cf. IPM, p. 109; IEH, p. 23, n. 2).
    A razão não pode influenciar nenhum comportamento, pois ela é fria e não origina uma ação nem emoção. Hume e Kant estão determinados a buscar o motivo pelo qual as pessoas agem contra seus interesses, no ponto de vista de Hume, ele acredita que a razão é escrava da paixão que só serve para encontrar um caminho para tal fim e para Kant a razão pura pode ser exercida, ele acredita que o homem está buscando a felicidade e só pode consegui-la obedecendo as leis morais, e sua razão aumenta sua dignidade.

    ResponderExcluir
  9. O texto nos expõe um panorama claro e detalhado acerca do problema proposto a Kant por Hume, o que permitiu ao autor nos mostrar os pontos-chave da filosofia moral dos dois filósofos citados, e compará-los entre si.
    A posição de Hume e Kant já nós é conhecida de textos passados: Hume alega que a razão pura (voltada somente para a reflexão) não pode ser tornar prática, e que não influencia nossos sentimentos, desejos etc, não influenciando também, consequentemente, nossas ações. Para Hume, a única razão que tem participação no processo humano de saciar as vontades é a instrumental, que permite a reflexão dos meios existentes para alcançarmos aquilo que desejamos. Essa razão, pela sua própria definição, em nada interfere em nossas vontades e paixões, como podemos ver, apenas nos mostrar o que podemos fazer para saciá-las. Hume, então, argumenta que o que leva o homem a agir de forma ética e moral é a atração natural que as coisas boas exercem sobre o ser humano. O homem, portanto, quer ser bom.
    Mas, é claro, nem sempre nossas vontades estão de acordo com o que é considerado “bom”, “moral”, e Hume não nega o fato de ocorrer uma luta interna no ser humano, entre seguir sua vontade egoísta e carnal, no caso, ou fazer o bem. Porém, essa luta não se daria entre razão e paixão, e sim entre paixão violenta e paixão calma, paixão essa que seria tão diferente das paixões com que estamos acostumados – pelo fato de não nos provocar grandes emoções -, que pensamos não ser essa uma espécie de paixão, e sim a razão trabalhando em favor da ética. Portanto, o papel da razão é de mero coadjuvante na luta humana para fazer o “bem”.
    Kant já assume uma posição contrária a de Hume, acreditando que a razão pura pode sim se tornar prática.
    O ser humano se tornaria livre ao ir contra suas vontades sensuais, ao cumprir seu “dever”. Esse dever é um imperativo categórico, i.e., não é composto por uma lista cheia de ações recomendáveis ou reprováveis, e sim de princípios que se enquadram em qualquer situação e circunstância. Portanto, para uma ação ser considerada moral, tem que ter sido efetuada pelo senso de dever do indivíduo, indo contra suas vontades naturais e carnais, e é essa capacidade que nos diferencia dos animais: a capacidade de domar nossas paixões.
    Podemos entender melhor essa ideia de Kant ao voltarmo-nos à dualidade de mundos a que ele se refere na Crítica: o homem pertenceria ao mundo natural, da onde viriam suas vontades, paixões, e ao mundo inteligível, que é considerado inteligível pelo fato de o homem poder lutar contra seus ímpetos e vontades sensuais.
    Kant, porém, não prova seu ponto de que a razão é o que nos faz abrir mão de nossos desejos, e porque nos considera livres, o que lhe rende muitas críticas.

    ResponderExcluir
  10. O texto indicado “David Hume e a Questão Básica da Crítica da Razão Prática” de Eduardo O. C. Chaves aborda pontos a serem discutidos por Hume em suas averiguações, como por exemplo, a problemática da perspectiva de causa e efeito e a interpretação de Kant sobre tal assunto. É possível afirmar de fato que Kant se espelhou em algumas teorias de Hume, tomando-as como um ponto de partida para começar a elaborar suas hipóteses acerca da condição de existência humana ou então pode-se dizer que elas serviram para despertar a “sonolência dogmática” kantiana. Contudo, Kant, encontrava nos argumentos de Hume algo que não estava suscetível a ser refutado, mas com conseqüências que em seu ponto de vista eram princípios básicos e elementares inadmissíveis. Desse modo percebe-se que “há pouca dúvida de que Kant estivesse familiarizado com a teoria ética de Hume”, isto porque Kant passa a maior parte do tempo tentando encontrar meios para responder a essas sentenças que não agregam a razão prática em seu modo moral de agir e ser.
    Segundo Hume a razão não proporciona os elementos necessários para haver a percepção da diferença entre a moralidade e a origem das práticas sociais, ou seja, o filósofo em questão evidencia que não é fundamentalmente no raciocínio formal que se pode encontrar a base da moral, mas sim nas “paixões” que representam as emoções que por sua vez estão interligadas com os sentimentos que impulsionam determinada ação. A teoria kantiana se opõe a essa linha de pensamento, e como alguns trechos do texto demonstram “um princípio da razão é visto como sendo determinativo da vontade, sem referência a possíveis objetos da faculdade do desejo” e “um determinante oriundo da faculdade do desejo precede a máxima da vontade e pressupõe um objeto de prazer ou disprazer, e, consequentemente, algo que causa prazer ou sofrimento; neste caso, a máxima da razão, que nos exorta a buscar o primeiro e evitar o segundo”. O que significa que a ética de Kant está estabelecida por uma extensão racional humana que permanece independentemente das emoções que um indivíduo pode sentir, em que o desenvolvimento lógico do ser humano estaria condicionado justamente à aplicação dos valores éticos puros e práticos.

    ResponderExcluir
  11. Continuação...

    A partir dessas ideologias Hume acredita fielmente no empirismo como fonte primária do conhecimento, de tal maneira que a racionalidade pura não pode garantir a falsificabilidade de algo, somente os testes empíricos enaltecem a verdade absoluta. Assim, a principal divergência de ideais em relação aos princípios éticos entre esses dois grandes filósofos seria a abordagem do conceito de certo e errado, bem e mal. As visões são perceptivelmente diferentes, pois para Hume “uma ação ou intenção certa é simplesmente aquela que leva, ou tende a levar, a um bom resultado” para Kant “a noção do dever, ou da obrigação, e as noções do certo e errado, são fundamentais. Um homem bom é aquele que habitualmente age certamente, e uma ação certa é aquela que é realizada por um sentimento de dever”. Isto é, para os seguidores de Hume a racionalidade pode não privar algumas atitudes, onde somente os “imperativos morais”, levando em conta os sentimentos, é que podem realizar uma boa análise sobre o que é uma conduta coerente e incoerente, além de que essa ética huminiana parece ser utilitarista a partir do momento em que supõe-se o benefício por boas conseqüências que acabam por auxiliar na aceitação do que é útil. Já para os kantianos, dentro do conhecimento humano há a existência de uma consciência do dever, que ocorre quando a razão bloqueia certos desejos que possam causar algum problema para o indivíduo que acaba sendo predisposto pelo raciocínio e não pelas suas “paixões”, ou seja, uma ética aprovada pelas intenções.
    Assim sendo, considero que a principal diferença entre a proposta ética de Hume e Kant pode ser considerada pela totalidade dos dados que são tirados da experiência e da razão, em que a moralidade não atende aos princípios racionais, mas afirma-se pelos desejos humanos na visão de um (Hume) e a exaltação dessa razão inerente ao conhecimento humano para Kant que não depende de testes empíricos para acontecer, basta que as leis morais possibilitem ao indivíduo agir conforme seu raciocínio. Além disso, a felicidade, que é o centro dos assuntos entre os especialistas de ética, também é colocada de forma diferente por esses dois pensadores. Enquanto Hume enxerga a felicidade como resultado das ações que os sentimentos levam uma pessoa a realizar tais atos, para Kant ela é fruto das atitudes que devem ser cumpridas, em que “o homem é um ser que tem necessidades, na medida em que ele pertence ao mundo dos sentidos. Por causa disto, sua razão certamente tem uma responsabilidade inescapável, para com sua natureza sensual, de atender aos seus interesses e de formular máximas práticas que visem à sua felicidade"

    ResponderExcluir
  12.  A partir da teoria de Hume , Kant  acaba encontrando uma  base argumentativa  para poder refutar essa posição adotada por Hume.
    Com seu ceticismo naturalista, Hume conseguiu tirar a moralidade do âmbito da racionalidade , passando-a para o campo das sensações, deixando completamente de lado o “dever”, tão prezado por Kant. Hume  defende que uma ação boa é simplesmente aquilo que tem um bom resultado final, enquanto Kant diz que a boa ação é uma consequência  do dever, além de não acreditar em um “bem  absoluto” justamente pelo fato dele estar ligado a algum desejo ou sentimento.
    Hume traz a tona princípios morais através da observação, mas ele não exclui completamente a razão empírica em nosso juízes morais, simplesmente diz que eles não podem ser sua fonte .E com isso continua uma série de teorias na obra de Kant que parecia verdadeiras refutações dos pensamentos Humeanos. Enquanto um enxerga com naturalidade as forças propulsoras da moral com paixões e sentimentos , o outro  enxerga isso na razão criando sempre um “ paradoxo do método” .
    Para Kant , sermos totalmente livres é vivermos no mundo onde a razão impera sobre todas as coisas , mas em nenhuma de nossas ações conseguimos agir com cem por cento de racionalidade , nosso lado irracional acaba sempre presente de alguma forma , mostrando que também somos seres que pertencem a natureza , podendo ser seres racionais que também se rendem as paixões.

    ResponderExcluir
  13. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  14. Hume e Kant tem princípios que são claramente distintos, em minha opinião e grande diferença entre os dois e suas teorias é o motivo para as ações humanas, o que seria ético para o ser humano.
    Hume acredita que o que motiva as ações humanas são as paixões, os desejos, os sentimentos, os mesmos definem o certo e o errado, o bom e o ruim e consequentemente o que é ético ou não, enfim, a teoria humeana incentiva o homem a buscar o que satisfaça seus sentimentos, não necessitando da razão.
    Kant, por sua vez, acredita que as ações humanas são motivadas pela razão, a razão pura e prática e que essa determina o que é ético. Utiliza ainda como conceito fundamental o dever, pois agimos éticamente porque devemos agir.

    Outro ponto de divergência de Hume e Kant acerca de suas teorias éticas é o fato de que para o primeiro a ideia de bem e mal são primárias e as de certo e errado secundárias, sendo que a segunda deriva da primeira, sendo que Hume nem ao menos menciona a ideia do dever. Para ele, uma ação é apenas aquela que tem por objetivo levar a resultado benéfico.
    Enquanto que para Kant, como mencionei há pouco, o dever ou a obrigação, e a ideia de certo e errado são princípios fundamentais. Um bom homem é aquele que tem o hábito de agir corretamente, e uma ação correta é aquela que é motivada por um sentimento de dever. Kant diferencia ainda o bom em duas variáveis, a primeira é um bom em algo que ambiciona, conhecida como bonitos naturalis e a segunda é um bom relacionado aos fins, chamada de bonitas moralis.
    Baseando-se nas distinções morais que fazemos, Hume por meio de ideias investiga se conhecemos a
    diferença das ações humanas entre vício e virtude. Acredita que a razão empírica de modo algum influenciaria os nossos atos, pois ela é fria e não origina uma ação ou emoção, ajuda apenas a guiar para o melhor caminho para um fim, pensamento esse parecido com o de Kant.
    Por fim, Hume e Kant estão buscando o motivo pelo qual o homem age, e quais suas ambições e interesses, para Hume a razão é escrava da paixão, que serve apenas para encontrar o caminho para agir; e para Kant em sua concepção a razão pura pode ser exercida, pois ela aumenta a dignidade, com o homem buscando apenas a felicidade e o único modo de alcançá-la é obedecendo as leis morais e os deveres.

    ResponderExcluir
  15. Kant desenvolve sua investigação de forma a enfrentar/responder as questões e abordagens propostas por Hume.

    “É fato conhecido de todos que o próprio Kant admitiu ter sido Hume que, através de sua obra epistemológica, o despertou de sua "sonolência dogmática" e que o levou a fazer as investigações que culminaram na Crítica da Razão Pura.”(Chaves, Eduardo O. C. - David Hume e a Questão Básica da Crítica da Razão Prática).

    Porém os pontos de partida são distintos, já que Hume considera que o ser humano tem paixão pelo bem e aversão ao mal e Kant avalia que o homem não é naturalmente bom, e que, portanto, necessita de regras visando a moralidade. Para Hume o pensamento não é dever, não tem poder direto sobre as ações, sendo apenas um “conselheiro” das ações, já para Kant existem proposições indiscutíveis as quais todas as pessoas devem obedecer devido a capacidade de pensar.
    Kant, portanto, separa em dois eixos a razão: razão pura pura (vinculada as idéias, capacidade de pensar) e razão pura prática (vinculada as ações, liberdade e responsabilidade).
    A teoria de Hume não comporta que existam agentes puros ou proposições indiscutíveis, para Hume os homens agem em busca de sua felicidade individual (como principio consciente ou inconsciente) e, portanto, é guiado apenas por seus próprios interesses, não obedecendo a nenhuma proposição que vá contra sua paixão pela felicidade.

    ResponderExcluir
  16. A filosofia de Kant surge, segundo o texto, como uma tentativa consciente de refutação do pensamento de Hume, o qual em suma defende que a base da ética e moralidade está nas paixões e não na razão exaltada por filósofos metódicos como Kant.
    É possível notar através do texto que ambos os pensamentos estão ligados a uma busca pela felicidade que é inerente aos homens, já que segundo Kant “Há um propósito que eles não somente podem ter, mas que eles todos têm, por necessidade natural. Este propósito é a felicidade”, porém enquanto para Hume a felicidade é ditada pelas paixões, para Kant a felicidade está ligada ao sentimento de moralidade que está ligada a racionalidade do dever.
    Hume apresenta a alternativa da razão, mas para ele o que Kant chamaria de razão pura não é capaz de influenciar nossas ações, pois essa razão não motiva as ações, quem faz isso são as paixões. Sendo assim, a razão não é nada mais do que um instrumento para a realização de propósitos ditados pelo desejo.
    Kant, porém, acredita que a razão pura é capaz de determinar as ações. O autor não nega que há um conflito entre desejo e razão pura, pois o mesmo afirma que o homem é egoísta e ambicioso, mas para o autor a ética está justamente na capacidade de pôr os desejos de lado e agir segundo os deveres, ou seja, a razão pura pode ser prática.

    ResponderExcluir
  17. Kant, em sua obra, responde ao desafio de Hume, que tirou a moral do âmbito da racionalidade. Para isso, kant diz que a razão pura pode ser prática, ou seja, que ela pode influenciar nossas ações. Assim, isto contradiz a ideia de Hume que delegava às paixões a vontade humana e não a um princípio racional.
    Kant descreve então, a razão que leva o Homem a agir pelo dever, e não pela paixão. Para isto, utiliza-se dos termos "bonitas naturalis" e "bonitas moralis", onde a primeira é baseada no desejo de felicidade do homem, enquanto a segunda vêm dos deveres morais, fundamentados na razão pura e elevados a razão pura prática quando transformados em conduta.
    Apesar de Kant admitir ter sido livrado da "cegueira dogmática" graças ao trabalho de Hume, apresenta argumentos que são explicitamente contrários a pensamentos humeanos, como por exemplo a ideia de que uma ação mesmo bondosa, sendo motivada pelo prazer que seu ator sente em ser bom, não é moral. Isso porque, ela não foi baseada em princípios racionais de dever, mas sim em paixões, sendo assim, caso o executor passe por um período de tristeza e desilusão, suas paixões provavelmente vão seguir o fluxo, deixando assim de motivá-lo as boas ações. Entretanto, no case de ele ser guiado por deveres, não importa qual seja seu humor, permanecerá agindo bem. Para Kant, essa é a verdadeira moral.

    ResponderExcluir
  18. Através da leitura do texto “David Hume e a Questão Básica da Crítica da Razão” do filósofo Eduardo Oscar de Campos Chaves podemos atentar ao fato de que o autor expõe de forma muito eficiente os bastidores do debate ético travado entre humeanos e kantianos. Inicialmente o autor faz uma contextualização histórica acerca da relação das teorias de David Hume e Immanuel / Emanuel Kant. Segundo Chaves há evidências que apontam para o fato de que Kant teve acesso às teorias propostas por Hume antes mesmo até de formular sua própria teoria moral. De certa forma podemos até afirmar que os kantianos se submetem a responder as questões propostas pelos, considerados por eles, “irracionalistas” humeanos. O texto trata da análise feita através da vinculação da Filosofia Moral de Kant e a de Hume. Onde tem-se que Chaves busca observar se a teoria proposta por Kant tem o intuito de responder questões pendentes da teoria de Hume ou se o primeiro põe-se apenas à negar o que o segundo afirmou. Ao longo do ensaio de Chaves podemos observar como este processo de análise se dá.

    Primeiramente temos que para Hume “ […] (as distinções morais) não podem ser derivadas da razão, e isto porque a razão, […] nunca exerce influência alguma sobre a conduta […] ”. Onde temos que para ele não é excluída a presença da razão. Entretanto Hume não acredita que os juízos morais produzidos pela razão sejam determinantes da vontade. Para o filósofo aquilo que nos incita à agir é a busca pela felicidade realizada através do nosso desejo ou paixão pelo prazer e repulsa pela dor. Onde a razão aqui tem meramente o papel instrumental de distinção entre o que causa o nosso deleite ou sofrimento (base do pensamento Utilitarista).

    Assim temos que para Kant a moral está, sobretudo, vinculada à nossa razão. Todavia o filósofo assume a dimensão natural do ser humano (que é responsável por suas paixões e desejos). Entretanto para Kant apesar do fato do homem ser formado por essa dicotomia “razão e natureza”, é a razão quem subjuga a vontade (desejo; paixão). Desta forma temos que a nossa racionalidade, por sua vez, é a responsável pela produção de nossos “juízos morais” embasados nas “leis morais” intrinsecamente existentes em nós e que fabricam nossas ações. Em Kant há um “apriorismo” da moralidade que para ele é advinda de um mundo inteligível (não sensível) existente em uma dimensão que transcende a nossa. Desta forma temos que a liberdade é um passaporte para esse mundo inteligível, ou seja, nossa razão tem a possibilidade de conhecer algumas coisas que estão além de nossa existência porque somos livres. O pensamento kantiano nos põe a ideia de que somos livres por não sermos dominados pela nossa natureza e sim temos em nós o “juízo moral” que nos dá acima de tudo a visão do dever moral sob o qual nossas ações são coordenadas.

    O problema existente em Kant é atribuído ao fato de que o pensador não nos deixa claro as condições postas a nossa liberdade. Onde a liberdade ao mesmo tempo é a condição da lei moral e a condição da lei moral é a liberdade, tornando as premissas circulares e desvirtuando assim a questão (no latim nomenclaturado petitio principii) e tornando a conclusão falaciosa por não possuir sentido evidente. Este enleio pode ser visto na passagem: “ […] Devemos confessar abertamente que há uma espécie de círculo aqui, do qual parece não haver escape. Pressupomos que somos livres na ordem das causas eficientes para que possamos nos imaginar sujeitos as leis morais na ordem dos fins. E daí imaginemos-nos sujeitos a estas leis, porque nos atribuímos liberdade de arbítrio. [...]” (Kant, FMM, pp 68-69)

    Desta forma podemos então deduzir que Kant não só apenas não responde as questões propostas e / ou pendentes em Hume como também apenas se dá ao trabalho de afirmar o que Hume negava, fazendo com que, sua teoria se torne, um tanto quanto, carente da tão defendida por ele – razão.

    ResponderExcluir
  19. Um pequeno comentário sobre os pontos de vista Kantianos e Humenianos, como posto em sala de aula, apesar de tentador, não é possível unir estas duas visões para obter uma terceira que consiga cobrir as falhas delas. Isto ocorre, pois na usa essência as duas visões se contradizem na hora de explicar o que é ética, principalmente no ponto do objetivo da razão na ética. Para Hume as nossas ações são controladas apenas pelos nossos desejos e paixões, e nossa razão só serve como ferramenta para alcançá-los, desta a razão na seria relevante para o entendimento da ética. Enquanto que para Kant a razão tem um papel fundamental na ética, nossas ações são afetadas por uma ética “imperativa” que acaba por nos dirigir a certa forma de agir, assim formando o “dever”, outro ponto importante desta razão é que ela é universal para toda a humanidade, transcendendo qualquer subjetividade. E mesmo se fosse possível juntar as duas metodologias ainda há problemas que nenhuma das duas consegue explicar.
    Uma crítica que eu achei muito interessante dos Kantianos é a de que a ética de Hume desvaloriza o ser humano, já que no final nós ainda seriamos escravos das nossas paixões.

    ResponderExcluir
  20. O texto “David Hume e a Questão Básica da Crítica da Razão Prática” de Eduardo O. C. Chaves visa esclarecer certos pontos tanto de “influencia” quanto de divergências existentes entre as teorias éticas de Hume e Kant. Estabelece-se como forma de demonstrar a filosofia moral de Kant a partir de sua relação com a filosofia moral de Hume. A influencia a qual me refiro é a de que fora Hume que despertou Kant de uma “sonolência dogmática” através de sua obra epistemológica e que o inclinou a fazer investigações que acabaram na elaboração da Crítica da Razão Pura. “Muitos já mostraram que o problema básico da primeira Crítica foi proposto a Kant por Hume.” A Crítica da Razão Prática foi redigida como uma tentativa de refutação por parte de Kant à posição de Hume, uma possível tentativa de responder a Hume, responder as suas conclusões “céticas e irracionais” acerca da moralidade.
    Hume propôs que “a razão não pode ser a fonte de nossas distinções morais e o motivo de nossas ações. Isto o levou a concluir que a base da moralidade se encontra nas "paixões", no sentimento”. Com essa proposição de que a razão não é a força propulsora das vontades e/ ou ações humanas, Hume retira a moralidade do campo da razão e elimina totalmente a razão pura de sua interferência na vida moral. Em uma tentativa de implantar o “método experimental de raciocínio nas questões morais”, Hume inicia seus estudos partindo da afirmação de que existem “distinções morais”, por exemplo entre o bem e o mal, virtude e vício, certou e errado. É nesse sentido que é evidenciado seu método experimental, através do estudo da natureza de nossas distinções morais, ou seja, entender o significado real de “bom” ou de “virtude”, seus primeiros resultados derivam no conceito de que o que é bom ou virtuoso é “é aquilo (ou aquele) que recebe uma aprovação geral da humanidade, quando a humanidade tem toda a informação factual relevante para julgar”. Há também o esforço para esboçar uma sinopse de coisas boas ou virtuosas e encontrar os pontos em comum que tais coisas possuem a fim de encontrar princípios universais que derivariam de tais igualdades de qualidades. Hume observa “que somos atraídos pelas coisas que chamamos boas e repelidos por aquelas que chamamos más, de modo que o bem tem, por assim dizer, um "poder magnético" que nos move - ou que determina a nossa vontade - a agir em sua busca”.
    O problema que surge na teoria de Hume é sua afirmação de que a razão não é a motivadora de ação, munindo-se da termologia Kantiana: “Hume está convencido de que a razão pura não pode ser prática, e que, por tanto, as regras da moralidade não podem ser conclusões de nossa razão”. Portanto Hume propõe que “(...)embora a razão (...) seja suficiente para nos instruir a respeito das tendências perniciosas ou úteis de certas qualidades ou ações, ela, por si só, não é suficiente para produzir culpa ou aprovação moral. (...) A aprovação ou culpa que resulta não é realização do entendimento, mas do coração; também não é uma proposição ou afirmação especulativa, mas sim um sentimento ativo". Assim para Hume “a razão é, e somente deve ser, a escrava das paixões, e nunca pode pretender a nenhuma outra função, a não ser servir e obedecer as paixões".

    ResponderExcluir
  21. [continuação]

    Kant define o bem como algo que está sujeito a condições; ou seja, o bem será “(...) somente, instrumental ou relativo” apenas como forma de satisfação de desejos, não é um bem em si próprio e sim em função de algo, um bem do tipo bonitas naturalis, pragmático – Kant também distingue duas definições de bem há o bonitas naturalis citado acima e o bonitas moralis em que o bem torna-se um “bem absoluto” , ou seja que não esta condicionado a desejos ou quaisquer inclinações do gênero, não é funcional ou instrumental; o bem nesse sentido é, portanto, “intrinsecamente bom”. A ética de Kant está relacionada a esse ultimo conceito, o bonitas moralis, neste caso o bem é bem em si próprio, sendo a própria razão pura sua “força propulsora e motivadora da vontade” [do indivíduo], é essa a implicação que Kant usa para afirmar que a razão pura pode ser prática – provar tal condição é o problema central na segunda Crítica de Kant. A bonitas naturalis esta ligada ao que Kant chama de “prudência”, que é como uma capacidade de utilizar meios que conduzam ao “fim universal do homem, a felicidade”, o que recairia numa razão empírica e não razão pura. – o que me recordou ao bem maior/ último para o ser humano, na visão de Aristóteles que também é a felicidade.
    “Deve entender-se o que é bom, em um sentido moral, segundo Kant, em referência àquilo que é ordenado pela lei moral, através de um imperativo categórico. O bem deve ser definido em termos daquilo que deve, incondicionalmente, ser feito, ou, em outras palavras, em termos do que é certo”. Kant atenta-se a denotar que a razão pura “pode ser prática, i.e., que ela pode diretamente influenciar a vontade e mover-nos a agir”, ou seja que a razão pura prática pode ser encarada como uma realidade. Portanto, percebemos que Kant faz sua Crítica como uma tentativa de responder as proposições feitas por Hume, partindo-se da RAZÃO como força propulsora de nossas vontades e ações – talvez algo mais objetivo – contrapondo-se a Hume que atribui às paixões como sendo esse “combustível” que nos move.

    ResponderExcluir
  22. Caros Alunos,
    Veja a postagem da Mariana. Está excelente. Abraços.

    ResponderExcluir
  23. Caros Alunos,
    Gostei muito das postagens de Bárbara Crísia, Sara, Murilo B. Cortez, Marcus Theodoro (que necessita de uma severa revisão de português)e Alex Luppe (que pressupõe que todos nós conhecemos Sheldom Cooper (?) e que precisa rever o português em que escreve). Recomendo a leitura dessas postagens. Abraços.

    ResponderExcluir
  24. Pelo que pude entender do texto escrito pelo Eduardo O. Chaves que fala um pouco de Hume e Kant, Hume inspirou, acabou por motivar Kant a discorrer sobre o tema do dever, da razão, a questão pura pura, pura pratica.

    Hume ao expor a idéia de um mundo dependente da satisfação, da paixão, acabou por instigar uma resposta do Kant que deixa algo como: a felicidade vem da realização do dever. Esse debate se torna mais intenso ao passo que, como o Alex cita em sua postagem, Kant era um cara metódico, que possuía hábitos controlados.

    O texto esclarece também uma diferença importante entre os autores, enquanto que para Hume as noções de bem e mal são bastante importantes e as de certo e errado possuem um papel secundário para Kant a noção do dever, da obrigação e também a do certo e errado são fundamentais. Segundo Kant um homem bom é aquele que age certo, e a ação certa é aquela realizada por um sentimento de dever.

    E para Hume “uma ação ou intenção certa é simplesmente aquela que leva, ou tende a levar, a um bom resultado.” Ou seja, Hume é claramente consequencialista.

    ResponderExcluir
  25. No texto proposto o autor faz um paralelo entre as teorias éticas de Kant e Hume e apresenta seus pontos divergentes. Ele apresenta, inicialmente, a teoria ética de Kant como uma tentativa consciente de responder às conclusões chegadas por Hume em sua teoria. Enquanto Hume propõe que a razão não pode ser a fonte de nossas distinções morais e o motivo de nossas ações; tornando a base da moralidade as paixões, ele excluiu a moralidade da esfera da razão. Já Kant afirma o papel principal da razão na ética e institui a noção de “dever”, afirmando que realizamos ações éticas porque temos o dever de realiza-las.
    Ressaltando alguns pontos contrastantes: para Hume, “as noções de bem e mal são primárias, as de certo e errado secundárias, e derivadas das primeiras.” Uma boa ação é aquela que leva a um bom resultado. Já para Kant, “a noção do dever, ou da obrigação, e as noções do certo e errado, são fundamentais.” Uma ação certa é aquela que é realizada por um sentimento de dever.
    Em Kant aparece a ideia de que todos os seres racionais tem o mesmo propósito (por necessidade natural): a felicidade. Felicidade em Kant é a realização das ações que devemos realizar (ideia do dever, obrigação). Já em Hume, a felicidade é a realização das ações que você deseja realizar (ideia do desejo das paixões, do sentimento).
    Os pontos apresentados acima revelam a distinção mais clara das teorias “subjetiva” de Hume da “objetiva” de Kant.
    O texto também cita o "paradoxo de método". O paradoxo é sobre os conceitos de bem e mal que não devem ser definidos anteriormente à lei moral, e sim depois, e por meio dela, segundo Kant. Para ele, o bem deve ser definido em termos daquilo que deve, incondicionalmente, ser feito.
    Apresenta como Hume define sua posição: "uma tentativa de introduzir o método experimental de raciocínio nas questões morais”. O ponto de partida para a sua teoria é a realidade das distinções morais que fazemos, e a pergunta básica feita é de onde provêm as distinções entre bem e mal, certo e errado que fazemos?

    ResponderExcluir
  26. No texto de Eduardo O. C. Chaves é apresentada à discussão filosófica entre a teoria de ética kantiana e teoria ética humeaniana. Segundo o autor Kant teve contanto com obra de Hume e ele buscou aperfeiçoar e concertar as terias "inacabadas e deficientes".
    Kant e Hume possuem teorias opostas. Pode-se afirmar que existem dois pontos principais em que eles divergem. O primeiro se refere ao papel da razão na problemática ética. Para Hume a razão possui um papel secundário, ela não pode ser a fonte de nossas distinções morais e o motivo de nossas ações. As emoções guiariam as ações dos homens, pelo desejo de buscar o prazer ou repelir a dor de uma determinada ação.
    A razão teria um papel apenas reflexivo, para o homem compreender as causas de determinada ação ser considerada dolorosa ou prazerosa.
    Já para Kant a razão possui um papel fundamental. Para ele o homem possui um dualismo básico entre natureza e razão, a dimensão natural do homem o faz buscar suas paixões e agir de forma muitas vezes violentas para conseguir atender seus desejos e suas inclinações. Na dimensão natural o homem pode ser classificado com um animal, mas ele possui outra dimensão que o eleva acima dos animais, a razão. Esta dimensão mais elevada, governada pela razão pura, faz com que o homem seja livre, cria normas e fins morais, bem como impõe eles a si mesma. Essa imposição é o dever. Algo próprio da nossa consciência que representa a lei moral, a maior manifestação de humanidade nos homens.
    O segundo ponto diz respeito como ambos observam ser possível alcançar a felicidade por meio das ações. Para Hume a felicidade é alcançada pela prática de ações que causam prazer. Segundo Kant: "A felicidade é a condição de um ser racional no mundo, em cuja existência inteira tudo caminha segundo o que ele deseja e quer. A felicidade se baseia, pois, na harmonia da natureza com os desejos e fins desse ser, bem como com a força motivadora da sua vontade". Esta harmonia provém do sentimento de dever, que faz um homem a agir de determinada forma, segundo as máximas morais.

    ResponderExcluir
  27. O próprio Kant citou que foi Hume que o despertou pa ra algumas investigações. Muitos acreditam que o problema base da teoria de Kant tenta refutar a filosofia moral de Hume. Para Hume como vimos são as paixões a fonte das distinçoes morais e não a razão.E para o texto em questão investiga se a Crítica da Razão Prática foi escrita para mostrar o erro do ponto de vista dos Humeanos (responder a Hume). O texto apresentado aborda a filosofia de Kant em relção a filosofia de Hume e destaca a natureza do desafio filosófico-ético de Hume a Kant . Kant apesar de descordar de algumas teorias morais vigentes em sua época, ele reconhece a importancia de cada paradigma - "embora inacabadas e deficientes, são as que mais levaram adiante a busca dos primeiros princípios de toda a moralidade".

    Por tanto o objetivo da filosofia moral de Kant é refutar a posição defendida por Hume. A diferença basica entre as dus posições morais (Kant e Hume) seria o ponto de partida de cada teoria. "Para (...) Hume, as noções de bem e mal são primárias, as de certo e errado secundárias, e derivadas das primeiras. Hume mal menciona a idéia do dever. Uma ação ou intenção certa é simplesmente aquela que leva, ou tende a levar, a um bom resultado. Para Kant, a noção do dever, ou da obrigação, e as noções do certo e errado, são fundamentais. Um homem bom é aquele que habitualmente age certamente, e uma ação certa é aquela que é realizada por um sentimento de dever".

    Quanto a felicidade Kant diz: "há um fim (...) que(...) existe em todos seres racionais (…) um propósito que eles não somente podem ter, mas que eles todos têm, por necessidade natural. Este propósito é a felicidade". "Ser feliz", observa Kant, "é necessariamente o desejo de toda criatura racional" . E por "felicidade" Kant entende a satisfação de nossos desejos e de nossas inclinações. A razão que determina quais são os melhores meios para se atingir este fim universal, o desejo de felicidade se torna a força propulsora e determinadora da vontade, movendo a pessoa a agir em conformidade com as "ordens" da razão empírica. Já para Hume “a realidade das distinções morais que fazemos é, para Hume, o fato básico de nossa experiência moral e vai constituir o ponto de partida para a sua teoria ética.” E para ele "a razão é, e somente deve ser, a escrava das paixões, e nunca pode pretender a nenhuma outra função, a não ser servir e obedecer as paixões"

    A questão básica entre Hume e Kant é que o primeiro negou, e o segundo afirmou, que a razão pura pode ser prática. O texto apresentado conclui dizendo:que Kant “não respondeu a Hume, mas simplesmente afirmou aquilo que Hume negava, pressupondo que aquilo que afirmava era verdadeiro e construindo toda a sua filosofia moral naquele pressuposto.”

    ResponderExcluir
  28. A filosofia de Hume (ceticismo naturalista) teve foco, quase que tão somente, em três conjuntos de problemas: epistemológicos, filosófico-morais, e filosófico-religiosos. Por isso, muitas vezes é acusada de ter ameaçado os fundamentos da ciência Newtoniana, da ética, e da religião. Porém, o problema básico da filosofia moral de Kant é a tentativa de responder às conclusões céticas e "irracionalistas" de Hume a respeito da moralidade. Hume, sendo um subjetivista, acreditava que as emoções, as "paixões" são o fundamento da moralidade humana e, dessa forma, a razão não reflete sobre a conduta humana. Por isso, Kant, supostamente, escreveu A Crítica da Razão Prática para evidenciar alguns erros e refutar os pontos de vista Humeanos.
    C. D. Broad descreve o ponto de desacordo entre a ética de Hume e Kant: "Para (...) Hume, as noções de bem e mal são primárias, as de certo e errado secundárias, e derivadas das primeiras. Hume mal menciona a ideia do dever. Uma ação ou intenção certa é simplesmente aquela que leva, ou tende a levar, a um bom resultado. Para Kant, a noção do dever, ou da obrigação, e as noções do certo e errado, são fundamentais. Um homem bom é aquele que habitualmente age certamente, e uma ação certa é aquela que é realizada por um sentimento de dever”.
    Segundo Kant, a ética tem a haver tão somente com a chamada “bonitas moralis”. A “bonitas naturalis” (que diz respeito à felicidade) está fora da esfera da moralidade: ela tem a haver tão somente com o que Kant chama de "prudência", isto é, "a habilidade de usar meios que levem ao fim universal do homem, a felicidade.
    Segundo Hume, a realidade das distinções morais que fazemos é o fato básico de nossa experiência moral e vai constituir o ponto de partida para a sua teoria ética.
    Em suma, Kant em sua obra, tenta refutar as idéias de Hume. As duas visões acerca da ética são bem distintas e resume-se da seguinte forma: Hume diz que nossas ações são guiadas pela emoção, sentimento, “paixão” e, dessa forma, ações boas são aquelas que nós desejamos e nos trazem prazer, nos levando à felicidade; já ações más são aquelas que ninguém deseja e traz a dor. Segundo ele, a razão está em segundo plano, portanto trata-se de uma razão especulativa (abstrata), enquanto se tem a vontade prática que motiva as ações.
    Já para Kant, a razão tem um papel fundamental na ética, pois ela tem condições de impor sobre nossas condutas suas próprias exigências. Dessa forma, o indivíduo que pensa eticamente tem o dever de comportar-se eticamente. Ele distingue dois tipos de razões (pura prática e pura teórica) e diz que o indivíduo feliz é aquele que quer aquilo que deve ser feito, ou seja, a felicidade é alcançada com a coexistência entre a vontade (desejo) e o dever.

    ResponderExcluir
  29. Eis o Dr. Sheldon Cooper, que julgava sinceramente ser mais popular que Jesus Cristo, exame de próstata e filmes pornô juntos.


    http://www.youtube.com/watch?v=kJ5k8JZiWnY

    http://www.youtube.com/watch?v=QovVJMR1XtI


    Sobre o meu modus-operandi literário-bloguista, acreditava que ele já estava consolidado quando por exemplo no quadrimestre passado sugeri que Augusto Comte não conhecia a TPM, ou até mesmo nesse, quando sugeri que a "Ética", a "Moral" e a "Lei" formassem um ménage à trois lésbico.

    ResponderExcluir
  30. Partindo da diferenciação entre o que é bom e o que é ruim, faz-se notória a lei que determina a vontade, considerada por Kant, como a Razão Pura, a razão prática. Consideramos também a premissa de que o indivíduo está sempre em busca do bem, seja ele o bem-estar ou o bem no geral sem interesses pessoais; sendo assim, os preceitos, que não são leis, são sempre bons, quando em relação ao resultado, ou seja, as ações podem ser consideradas boas em relação ao prazer que virão a proporcionar independente dos efeitos gerais que causarão.
    Hume aponta que a ação considerada certa é aquela que leva a bons resultados, aquela que o homem bom realiza com sentimento de dever. Nesse ponto, Kant afirma que o bem está ligado a um desejo ou mesmo um sentimento e que, portanto, existe uma relatividade no julgamento quanto a que/quem a ação seria boa. Para tanto, Kant denomina como um bem condicionado, bom em função de algo que se deseja, eminente da razão empírica bonita moralis e para o bem absoluto, que desconsidera desejos, o bem que não seja um meio ou instrumento, ético independente dos fins, provindas da “razão pura” bonita moralis.
    Kant propõe que o conceito bem/mal não é um fundamento de base mas sim definidos posteriormente pela lei moral, e sendo diferenciados pelo método ou abordagem do que se considera certo a prior.
    Hume pontua, porém, a existência de distinções morais referenciadas ao seu respectivo caso. Deveras, os princípios universais, pressupostamente aceitos ou postulados como certos, e que influenciam a decisão do que se planeja, sendo a aceitação ou a acusação morais provindos da autocogitação de determinada ação, não descartam o principio das idéias ou das impressões, sendo a primeira racional e a segunda, derivada dos sentidos.
    Contudo, não pode-se partir de tal método de comparação desligando-se de sentidos ou de envolvimento sentimental, haja vista que o julgamento está estritamente vinculado à reação do individuo diante de tal situação.De tal forma, um aspecto não se opõe ao outro, mas sim trabalham juntos na formação da opinião à respeito de. Apesar de nos confrontos entre razão e paixão, um acabará por sobressair-se ao outro, ou seja, a persuasão, por exemplo, sobre as provas reais.
    Por outro lado, tomando como verdade o confronto entre desejo e dever, ou mesmo entre desejos distintos, conclui-se que não existe a chamada Razão Prática Pura. Além de que é claramente observável que, por vezes, a vontade é suprimida pela respectiva ação. Essa contradição provém do que se chama de paixões calmas; como que a consciência do que será gerado em outros indivíduos a partir do método adotado ou pelo sentimento de que é dever conter tal ação, moralmente condenada pelo que se é considerado eticamente correto, impeça a realização do que se deseja a prior.
    No caso, Hume claramente acreditava que as forças propulsoras eram sempre, nos termos de Kant, a bonitas moralis e nunca a bonita naturalis. Hume afirma também que a razão é apenas algo que delimita a vontade, sendo a esta impossível reger a ação. Via de regra, sempre há um balanço entre o que se toma como lei universal do julgo correto.
    Outro ponto seria considerar o livre arbítrio e como que tal caso é possível sendo esse tão controverso às filosofias cogitadas. Considerando que cada ser é livre em suas escolhas e ações, pode-se concluir que, mesmo se focado apenas na vontade sensual, o individuo hesite em certos métodos, há uma outra lei, ainda acima da moralidade universal e dos conceitos de ética, que delimita o próprio individuo, sendo este quem postulada e executa as próprias regras.

    ResponderExcluir
  31. O estudo contrapõe as teorias de Hume e Kant, ao mesmo tempo mostra as influências que Kant recebeu e o diálogo que suas obras fazem com as de Hume. Kant buscando provar a realidade da Razão prática responde a Hume que a nega.

    “Para Hume, as noções de bem e mal são primárias, as de certo e errado secundárias, e derivadas das primeiras. Hume mal menciona a idéia do dever. Uma ação ou intenção certa é simplesmente aquela que leva, ou tende a levar, a um bom resultado. Para Kant, a noção de dever, ou obrigação, e as noções de certo e errado, são fundamentais. Um homem bom é aquele que habitualmente age certamente, e uma ação certa é aquela que é realizada por um sentimento de dever.”

    Para Kant a lei moral é o que define o conceito de bem e que o torna possível. Ele divide o bem em:

    - Bonitas problemática- É o bem que visa aos fins e propósitos que as pessoas têm. Cita o exemplo de um veneno que pode ser bom, ou seja, atender aos fins que a pessoa deseja mesmo que seja o suicídio.

    - Bonitas naturalis – O meio de atingir o fim não opcional que é a felicidade. Define como prudência dado que o que faz um homem feliz não necessariamente faz o outro.

    Em ambos os casos e nesse ponto ele concorda com Hume. O bem seria definido de acordo com as satisfações e inclinações, associado a algum desejo. Seria um bem condicionado.

    A grande distinção vem quanto ao:

    -Bonitas Moralis- É o bem que não leva em consideração desejos ou inclinações. É o único que pode ser ligado à ética. A razão pura é a propulsora e motivadora da vontade.

    Assim os conceitos de bem e mal só devem ser definido depois da Lei moral.

    Já a sugestão inicial de Hume é que o bem é aquilo que recebe aprovação geral da humanidade. Seu segundo passo é mostrar que as distinções morais não podem ser derivadas da Razão, além dele propor que não há antagonismo entre as paixões e a razão. Logo as regras da moralidade não podem ser conclusões da nossa razão. Ele divide o raciocínio em dois:

    - Raciocínio acerca das relações entre idéias
    - Raciocínio acerca das questões de fato e existência

    A partir disso:
    A vontade está localizada no mundo das realidades e a Razão pura tem ligação tão somente com as ciências matemáticas. Então Hume define que a Razão pode ser um meio/instrumento para se alcançar um fim ou algo que dirija, mas não uma motivação ou a fonte da ação, a motivação seria reafirmando, a paixão.

    ResponderExcluir
  32. A Razão empírica opera em Hume – prospectos de prazer ou dor que certos objetos oferecem. A Razão apenas mostra que objetos produzem prazer ou dor e instrui a busca do melhor meio para alcançá-lo- e Kant – Busca da felicidade- parecidamente, tentando descobrir os melhores meios de atingir um determinado fim.

    Hume acredita que o homem possa agir contra seus próprios interesses pela vontade, paixões, desejos e coisas da natureza. O que ele chama de “paixões desinteressadas”.

    Kant responde a isso tomando como partida a coação e definindo o dever ao qual ele liga intrinsecamente a moralidade, seria a ação consciente contra seus próprios interesses. Ele ainda afirma que se o homem desprezasse a Razão seria como um animal, agindo apenas pelo instinto. O homem segundo Hume pertence ao mundo sensual e ao inteligível, no qual ele é governado pela Razão Pura e não por seus desejos e interesses.

    Portando o homem é produto do dualismo:

    - Membro do mundo dos sentidos sob as leis naturais, preocupado com a felicidade e para isso com a satisfação de seus desejos e inclinações.

    - Membro de um mundo inteligível sob leis racionais independentes da natureza, preocupado com a virtude e a felicidade só pode ser atingida pela obediência às leis morais.

    Kant para fortalecer a teoria aborda ainda a questão da liberdade, ser livre é ter a possibilidade de agir contra seus interesses e vontades e acaba sendo a condição da lei moral, sem a ética, o ser humano seria conduzido pelos desejos, sem a lei moral não haveria coação para agir contrário aos interesses e não geraria a noção de dever.

    Assim a grande oposição das teorias de Hume e Kant é entre o interesse/paixão do primeiro, o homem seria moral motivado pelas paixões e o dever/Razão gerando a moralidade no segundo.

    ResponderExcluir
  33. O texto de Eduardo Chaves trata de algumas diferenças nas teorias éticas de Hume e Kant.
    Para Hume, as noções de bem e mal são primárias, as de certo e errado secundárias e derivadas daquelas (uma ação certa é aquela que leva a um bom resultado).
    Para Kant, a noção de dever e as noções de certo e errado são fundamentais (uma ação certa é aquela que é realizada por um sentido de dever).
    Hume acredita que a razão pura não pode ser prática e, portanto, as regras da moralidade não podem ser conclusões da nossa razão; Kant tenta mostrar o contrário em sua argumentação.
    Kant crê que a razão pura pode ser um determinante direto da vontade e pode causar ações, havendo assim um conflito entre razão e paixões, entre dever e interesse. Portanto, dizer que a razão pura pode mover a vontade e opor-se às paixões, é dizer que a razão pode dar-se a si própria fins e propósitos, contrariando Hume.

    ResponderExcluir
  34. O ponto fundamental que difere Hume e Kant, é que para Hume as noções de bem e mal são primárias e as de certo e errado secundárias, para ele uma ação certa é aquela que chega a bons resultados. Já para Kant as noções de certo e errado e a noção do dever são fundamentais, para ele um homem bom é aaquele que realiza uma ação certa, movido pelo sentimento de dever.
    Para Kant a razão pura pode ser prática, mas só se a bonitas moralis não estiver relacionada as suas inclinações ou desejos, e os conceitos de bem e mal devem ser definidos por meio da lei moral. Porém Hume diz que a razão pura não pode ser prática, pois a razão por si só não pode constituir um motivo para uma ação de vontade e ela nunca pode se opor a paixão em detrimento da vontade, sendo assim ela nunca pode influenciar nossas ações e também tenta nos mostrar que o mesmo vale para a razão empiríca.
    Para Hume e Kant os conceitos de razão empiríca é praticamente o mesmo, a tentativa de descobrir o melhor meio para um determinado fim, em Kant o fim é a felicidade, ela é natural e todo ser racional concomitantemente a sua natureza quer ser feliz, já para Hume o que nos faz agir são os possíveis sentimentos de prazer ou dor e que o fim é a busca pelo prazer.
    Kant nos mostra também um dualismo entre razão e natureza, assim como citado no texto:
    "O homem, segundo Kant, é constituído por esta dualidade: se ele fosse somente natural, não passaria de um mero animal, e a moralidade não se aplicaria a ele; se ele fosse somente racional, seria como Deus, e teria uma "vontade santa", e, aqui também, a moralidade - na forma em que a conhecemos, isto é, envolvendo coação e obrigação - não se aplicaria a ele. Desde que ele é natureza e razão - um animal racional - ele é homem, e, portanto, a moralidade, na forma em que a conhecemos se aplica a ele”.
    Então a questão básica que separa Hume e Kant é que segundo Hume a única forma capaz de mover o homem é a sua natureza passional, já Kant nega isso, para ele a razão pura pode determinar a vontade e causar ações.

    ResponderExcluir
  35. A diferença entre Hume e Kant (que por vezes é tênue e outras gritante) se dá pelo fato das escolas de ambos os autores. Hume é um cético empirista e Kant um racionalista que despertou de um sonho dogmático e tentou algumas vezes, senão unir, aproximar as duas correntes filosóficas (mais que isso: duas correntes de pensamentos) imponentes até aquele momento (corrente empirista e corrente racionalista) e talvez até os dias atuais, pois ainda podemos dividir muitos pensamentos dentro dessas escolas.
    Hume dá a base do pensamento utilitarista, pois acreditava que a ética não advinha da razão e da vontade e sim de uma busca pela felicidade e repulsa pela dor. Essa busca constante pela felicidade se dá naturalmente por um desejo e paixão pelo prazer e recusa da dor.
    A razão apenas faz o mero juízo entre prazer e dor.
    Já Kant, é um racionalista que não acredita na busca (muito menos natural) pelo prazer e repulsa pela dor, pois ele prescreve que a ética humana é dada pela liberdade que o homem tem de escolher a razão e pela vontade de ser racional. Se o homem age naturalmente, ele não é ético, pois não seguirá as máximas do imperativo categórico que em última instância é o senhor da ética e da moral.
    Logo, a principal diferença está na construção teórica de que para Hume o homem naturalmente busca prazer e refuta a dor, enquanto para Kant o homem naturalmente é egoísta e se quiser ser ético deve escolher pela sua liberdade seguir as máximas do imperativo categórico, do dever.
    Em Hume o homem pode ser ético se agir em conformidade com a base do pensamento utilitarista e em Kant o homem racional (frisa-se racional) deve ser ético e agir de acordo com o imperátivo categórico.

    ResponderExcluir
  36. As idéias de Hume foram uma grande influência para Kant, o próprio autor revela isso. Se não fossem as teorias de Hume sobre o bem e o mal e a ação ética, Kant nunca iria se interessar em elaborar as suas próprias em relação a estes assuntos. No entanto, ao invés de concordar com Hume, suas próprias teorias se opunham às dele.
    Hume afirmava que as ações humanas eram sempre determinadas por suas paixões, ou emoções, e que a razão não tinha nenhuma influência em qualquer ação. Para Hume, quando o ser humano escolhe determinadas ações ao invés de outras, ações estas que às vezes sobrepõem-se às suas vontades, ele na verdade está passando por um conflito entre uma "paixão fraca" e uma "paixão violenta", onde a paixão fraca sobrevalece (ou não) sobre a outra. Para ele, a razão não tem nenhum poder para fazer a pessoa tomar certa atitude, servindo apenas de uma ferramenta para identificar um ato prazeroso de um doloroso.
    Este pensamento se opõe fortemente ao posteriormente apresentado por Kant, que afirmava que a razão era a única coisa que permitia diferenciar o ser humano dos outros animais, e que esta deveria se sobrepor aos impulsos e desejos, ou, usando o termo de Hume, às paixões, que eram a causa de atos anti-éticos. Hume de fato influênciou as teorias de Kant, mas sua influência limita-se em acordar Kant para o estudo da natureza humana e o papel da razão e da emoção nesta. A partir daí, suas teorias são totalmente diferentes, muias vezes opondo-se diretamente uma à outra.

    ResponderExcluir
  37. A filosofia de David Hume, conhecida com cética naturalista teve como seu foco principal, basicamente esses três conjuntos de problemas: epistemológicos, filosófico-morais, e filosófico-religiosos, e ligado a isso foi acusado de ameaçar os fundamentos da ciência, da ética, e da religião com sua filosofia.
    Kant admitiu que Hume através de sua obra epistemológica, o tirou de sua "sonolência dogmática" e despertou suas ideias sobre a Crítica da Razão Pura.
    Basicamente o problema filosófico da moral segundo Kant pode ser visto como uma tentativa consciente, de responder às conclusões céticas e "irracionalistas" de Hume a respeito da moral.
    Hume mostrou que é não é através da racionalidade que distinguimos o que é moral e o porquê das nossas ações, concluindo assim que o princípio da moralidade vem do sentimento, das emoções, das paixões que movem as ações. Dessa forma, ao classificar a moral como algo que se encontra na vontade, que nos move a agir de acordo com o gosto, com aquilo que desejamos, ele exclui a possibilidade de tratar à ética e a moral como algo racional, excluindo as formas de “razão pura” adotadas por Kant.

    ResponderExcluir
  38. Marcelo Kenji Shimabukuro

    Para Hume, a razão não é a fonte de nossas distinções morais e motivos de nossas ações. Essa fonte só pode ser encontrada nas nossas “paixões”, no sentimento. Ao afirmar que a moralidade é conseqüente de nossos desejos e sentimentos e que a razão não determina nossa vontade, Hume exclui a razão da esfera da moralidade, retirando a razão pura de qualquer participação da vida moral.
    Kant recebe influência das idéias filosóficas de Hume, pois é a partir da teoria Humeana que Kant desperta de sua “sonolência dogmática” e levam a elaboração de suas teorias em tentativa de responder às conclusões céticas e “irracionalistas” de Hume em relação à moralidade.
    Para Kant, conceitos como bem e mal devem ser definidos posteriormente à lei moral, pois a lei moral por meio de um imperativo categórico diz o que representam esses conceitos. Ao conceituar o bem, Kant faz algumas distinções sobre esse conceito: bonitas naturalis, que é um bem relativo ou condicionado, um bem que não é “bom-em-si-próprio”, mas sim em relação a algo que se deseja, e o bonitas moralis, que é um bem absoluto, sem influência de qualquer tipo de desejo ou sentimento, que diferentemente do bonitas naturalis, não é um meio para algum propósito e é intrinsicamente bom. O conceito de bonitas moralis se relaciona à ética, enquanto o bonitas naturalis se encontra fora da esfera da moralidade (sendo somente um meio para se atingir a felicidade, que é um fim a todos os seres racionais). Como o bonitas moralis não tem o desejo da felicidade como força motriz da vontade, sua força se baseia na razão pura, pois não se relaciona com os desejos e inclinações. Assim, Kant revela que a razão pura também pode ser prática.
    Apesar das influências de Hume em relação à teoria Kantiana, Kant segue um caminho oposto a Hume para o estudo da natureza humana.

    ResponderExcluir
  39. Segundo o texto “David Hume e a Questão Básica da Crítica da Razão Prática”, de Eduardo O. C. Chaves, as obras de Hume e Kant estão interligadas em vários campos, e não diferentemente, no campo da moralidade, elas apresentam uma relação de oposição , uma vez que as conclusões kantianas podem ser vistas como uma tentativa de resposta as conclusões irracionalistas de Hume referentes à moralidade. Para David Hume a base da moralidade não se encontra na razão, mas sim em nossas paixões e desejos. Pare ele a razão não poderia ser responsável por determinar nossas vontades ou por nos levar a realizar ações, excluindo assim a moralidade da esfera da razão, sendo a Crítica da razão Prática, de Kant, aparentemente escrita justamente para contrapor essas conclusões céticas de Hume. O trecho a seguir ( do próprio Immanuel Kant) fortalece tal idéia , e em minha opinião é uma excelente síntese para a tese dos dois filósofos “Ou: um princípio da razão é visto como sendo determinativo da vontade, sem referência a possíveis objetos da faculdade do desejo (e, assim, visto como sendo determinativo apenas através da sua forma legal); neste caso aquele princípio é uma lei prática a priori, e a razão pura terá que ser considerada prática, pois a lei diretamente determina a vontade: a ação que se conforma a esta lei é, em si própria, boa, e a vontade, cujas máximas sempre se conformam a esta lei, é boa, absolutamente, e em todos os seus aspectos, e, também, a condição de todo o bem. Ou: um determinante oriundo da faculdade do desejo precede a máxima da vontade e pressupõe um objeto de prazer ou desprazer, e, consequentemente, algo que causa prazer ou sofrimento; neste caso, a máxima da razão, que nos exorta a buscar o primeiro e evitar o segundo, determina que ações são boas somente com referência à nossa inclinação; estas ações são boas, porém, somente como meios para um certo fim, e as máximas que as dirigem não devem ser chamadas de leis, pois são somente preceitos práticos e razoáveis”. Assim, como afirma C.D. Broad, uma diferença fundamental entre esses dois pensamentos, está nas definições do que seria o bem e o mal , o certo e errado e o dever. Enquanto Hume defende que o bem é estipulado por nossos sentimentos e o certo é uma consequência do que é melhor para alcançarmos o bem, Kant afirma que é por meio da razão ( que diferencia – nos dos outros animais , suprimindo nosso lado “natural perverso”) que conseguimos distinguir o que é bom e certo internamente, e por causa desta distinção nós próprios nos auto submetemos ao dever de cumprir com aquilo que é ético ou moral. Por fim, voltando à questão da tentativa de Kant de responder a Hume, o autor conclui afirmando que que para rebater infimamente e de forma mais consistente a ética Humeana , Kant teria de ter feito mais esforço em provar que é a razão que se opõe a nossas paixões e interesses, por meio de lei moral e que através dela nos damos o direito a escapar de nossa natureza dos sentidos. Como esses não foram os passos efetivamente tomados por Kant, é possível dizer que ele não conseguiu responder às questões levantadas por Hume, mas afirmou completamente o que este negava e consolidou sua visão a cerca da ética e da moralidade.

    ResponderExcluir
  40. A obra de Kant e Hume se apresentam na filosofia como um par de opostos que nos auxiliam no sentido de descobrir o que é a base da ética, e como devemos mover nossos esforços para compreendê-la e utilizá-la da melhor forma possível na sociedade ocidental, como podemos observar no texto.

    Segundo Kant somente através do esforço racional poderíamos alcançar o que é a Ética e formular nossos julgamentos de bem e mal a partir de tal premissa. Já Hume coloca a Ética no campo das paixões, pois seriam os nossos sentimentos sobre o que é bom e mal que formariam o nosso pensamento sobre questões éticas.

    O resultado desse impasse ainda não foi solucionada, pois ambos os autores constroem fortes argumentos para defender seus pontos de vista. Ainda que Kant tenha tentado, e não conseguido, achar uma resposta satisfatória para a formulação que Hume formou sobre Ética Kant criou um novo modo de ver as questões morais.

    ResponderExcluir
  41. O “ceticismo naturalista” de Hume ameaçou as bases racionais da ciência Newtoniana, da moral e da religião. Ele focou em três conjuntos de problemas: epistemológicos, filosóficos religiosos e filosóficos morais. Hume exclui a moralidade da esfera da razão e ao mesmo tempo exclui a razão pura de participar da esfera moral.
    A tentativa consciente de Kant de responder as conclusões céticas e irracionalistas de Hume em relação à moralidade foi o mote que culminou na Critica da Razão Pura. Hume acha que a base da moralidade se encontra nas paixões, e Kant diz que existem diferentes tipos de razões usados pelo ser humano em busca da felicidade. As paixões e os desejos tem como instrumento a razão, este tipo de razão aproxima as duas filosofias.
    A definição das leis morais como consequência dos conceitos do bem caracterizados como “bonitas moralis” e “bonitas naturalis” , o conceito de “bem-em-si-próprio” é buscado pela razão pura e sua ordem é um imperativo categórico. Para o mundo sensorial e de desejos a razão prática está associada a estes e seu imperativo é o prático.
    Na busca pela felicidade e regida pelo censo de dever a razão pura se transforma em razão pratica ao incentivar a formação de vontades praticas nesta busca pela felicidade.

    ResponderExcluir
  42. No artigo "David Hume e a Questão Básica da Crítica da Razão Prática", Eduardo O. C. Chaves nos mostra as diferenças entre a filosofia moral Hume e Kant. Logo no início do texto, o autor indica que a obra de Kant (Crítica da Razão Prática) trata-se de uma refutação à visão de Hume de que a razão não pode ser prática.

    Para Hume (um empirista), a razão não pode ser a fonte de nossos juízos morais, estes são dados pelas paixões, pelos desejos, que determinam nossas ações. Portanto a razão não é responsável pelo impulso influenciador de nossa vontade.

    Hume também considera que não há conflitos entre a razão e as paixões, ele diz que o que há são conflitos entre diferentes tipos de paixões, as quais chama de "paixões calmas" e "paixões violentas". Esta posição de Hume direciona à conclusão de que não há uma razão pura prática.

    Já para Kant, um bem moral não pode ser determinado por nada empírico, pois trata-se de um bem em si próprio. A moral seria algo que se impõe por obrigação, por dever, é um imperativo categórico, dado a todos os seres humanos a priori.

    Para Kant: "os conceitos de bem e mal não devem ser definidos anteriormente à lei moral, como se fossem o fundamento no qual ela se baseia" mas devem ser definidos depois, por meio desta. Trata-se ai portano, de uma diferença de abordagem entre os dois autores.

    Um forte argumento utilizado por Kant para defender sua posição de que a razão pura é prática e dela provém a lei moral, é que se não fosse de tal modo, se nos servissemos das paixões para a tomada de decisões e a prática de ações, não haveria diferença entre os humanos e os animais que se servem dos instintos: "Se a razão fosse somente um instrumento da natureza sensual do homem, nada mais seria do que um modo específico que a natureza utilizou para equipar o homem para as mesmas tarefas para os quais os animais são qualificados, e não o credenciaria para um propósito mais elevado". Portanto, para Kant, a razão tem este "propósito mais elevado", que é o de distinguir entre o que é intrinsicamente bom, do que é mal, onde o homem apesar de pertencer ao mundo natural, também pertence ao "mundo inteligível", onde ele é governado pela razão pura.

    Kant salienta que, por mais que uma ação esteja alinhada com a lei moral, se ela não for executada por dever, e sim por interesse, esta não pode ser considerada uma ação com qualidade moral.

    Outro ponto importante para Kant, diz respeito à liberdade. Para o autor, quando agimos segundo a lei moral, somos livres, porque podemos agir em oposição às nossas inclinações: "Alguém julga, portanto, que pode fazer algo, porque ele sabe que deve, e reconhece que é livre através disto - um fato que, sem a lei moral, teria permanecido desconhecido a ele".

    A conclusão que se chega quanto a essa crítica de Kant à posição de Hume, é que, de certa forma, ele não conseguiu refutar os argumentos humeanos, pois partiu de um pressuposto que não foi provado, ou seja, ele afirmou algo enquanto que Hume o negava. Mas, de qualquer forma, tanto a filosofia moral de Hume, quanto a de Kant, nos forneceram um grande avanço dentro do debate ético, resta-nos dar continuidade a este processo.

    ResponderExcluir
  43. O texto do Eduardo Oscar trata da análise feita através da vinculação da Filosofia Moral de Kant e a de Hume. Para Hume, a racionalidade não é o principal foco em um debate sobre a moralidade das ações. O autor tinha como foco dos seus estudos 3 áreas: epistemologia, filosofia moral e filosofia religiosa, se contrapondo a princípios religiosos, éticos e científicos.
    Kant se ocupou do estudo sobre a razão e a função da racionalidade nos atos morais de um indivíduo e para o autor a racionalidade é a principal fonte para poder estudar o tema.
    Temos então a contraposição de duas teorias, embasadas na questão da racionalidade para firmar e justificar as ações morais humanas.

    Hume faz a distinção entre as noções de bem/mal e certo/errado, pois o certo/errado são para ele conceitos provenientes da primeira noção. A ação fundamentada em bases morais não poderia ser proveniente da razão e sim da emoção (paixões), pois segundo o princípio apresentado no texto, a razão é intrínseca ao ser humano e a moralidade é a prática e o indivíduo tem a possibilidade de escolha, ou seja,"um princípio ativo nunca pode ser derivado de um princípio inativo". Mas como já debatemos anteriormente, para Kant um indivíduo que comete uma ação não pode ser julgado se esta ação não está sobre o seu domínio intelectual (loucura) ou se não goza de liberdade para a escolha no momento do ato praticado.
    A motivação das ações éticas do indivíduo também nos introduz um debate interessante, pois para David Hume que deixa a razão como parte secundária da motivação mas não a exclui completamente a razão das ações morais, a felicidade pode ser alcançada pela submissão das ações voltadas aos desejos, ou seja, o indivíduo se torna feliz ao realizar certas ações que ele mesmo deseja e a razão seria escrava das nossas paixões. Já para Kant, a noção do dever apresentado faz com que as teorias se contraponham, pois todo homem bom teria o dever de agir corretamente. O conflito entre paixões e racionalidade, dever e interesse dão forma à moral que é amplamente debatida há séculos.

    ResponderExcluir
  44. Gabriel Gomes Munhoz

    No debate entre as idéias de Hume e Kant ocorre uma importante disputa entre a natureza humana no que diz respeito ao que move as suas ações. Para Hume, as ações são movidas pela paixão,e a razão, por sua vez, é escrava das paixões. No caso do pensamento de Kant a razão é que define as ações morais, mas está razão é pura, pois para ele a razão prática também é vista como escrava das paixões. Neste ponto acho importante ressaltar o contexto da discussão epistemológica que permeia este debate.

    Há uma forte discussão que permeou a história da Filosofia sobre onde começa o conhecimento. Para alguns o conhecimento era inato, ou seja, todos nós nascemos com o conhecimento, dentre os pensadores que defendiam essa visão estava Platão e Descartes. Outros defendiam que o conhecimento começa com a experiência, como defendia Locke e Hume. Kant, por sua vez, estabeleceu o pensamento criticista, onde procura resolver tal impasse. A princípio Kant estabelece que, de fato, o conhecimento começa com a experiência, porém há um conhecimento que precede está que se chama conhecimento a priori, onde existe alguns pressupostos do entendimento humano sem o qual não seria possível a experiência, esta é a razão pura.

    Dito isso a defesa da moralidade oriunda da razão no pensamento de Kant leva consigo a necessidade da razão pura em oposição às paixões para estabelecer o dever, ou seja, para Kant a razão pura move a vontade. A idéia de liberdade vem em seguida para sustentar que no mundo das paixoes (na visão de Hume), as ações são determinadas. Portanto a liberdade só existe em detrimento da lei moral estabelecida pela razão pura.

    ResponderExcluir
  45. De um lado temos Hume e sua teoria subjetivista e do outro Kant e sua teoria objetivista.
    Hume acredita que na base da ética se encontra o bem e o mal e que a partir daí podemos inferir o que é certo e o que é errado. E essa noção do que é certo e do que é errado seria a base para o entendimento da Ética.
    Enquanto Kant enfoca a moral dentro da ética como sendo algo essencial para o estabelecimento da ética(já Hume achava que a moral era algo secundário nesse processo). Kant também expôs um lado muito mais racionalista da ética, dizendo que a razão é o que determina o que é ético e não os sentimentos, ou as paixões.
    Apesar de visões completamente opostas sobre o tema, Kant exalta a importância de Hume no desenvolvimento de uma discussão mais aprofundada sobre o assunto.

    ResponderExcluir
  46. Tanto Hume quanto Kant examinam a origem da motivação humana em realizar ações morais ou ter uma lei moral.

    Como estudado e apresentado no texto Hume é essencialmente subjetivista e baseia suas crenças na afirmativa de que: Ações são guiadas pela emoção. O fundamento da moralidade humana é a paixão que está por trás da ação. A justificativa para que todos os seres humanos sejam éticos está em fazer aquilo que cada ser julga ser ético. Mais do que determinar apenas como emoção as ações morais, "Hume tentou mostrar que a razão não pode ser a fonte de nossas distinções morais e o motivo de nossas ações".

    Kant, por sua vez, era objetivista e ao “examinar” Hume, faz a divisão do ser humano nas dimensões: física e moral. A moralidade ele define não residir apenas na necessidade momentânea, mas ser também fruto da liberdade de escolha imposta pela razão. Um fato é a ação dos indivíduos. Outro é o pensamento que esses indivíduos têm sobre as ações. “A razão pura é prática em si própria, e ela dá ao homem uma lei universal, a qual chamamos de lei moral".

    Mesmo sendo pensamentos desenvolvidos em momentos próximos, Hume e Kant abordam a moral humana por ângulos diferentes, dado que Hume tentou absterce de incluir a razão em seu discurso considerando-a “perfeitamente inerte”, permitindo que o desejo determine a ação e todo aquele que sente é capaz de avaliar suas condutas. Kant delimita a potencialidade de avaliação da conduta humana a algo externo que o indivíduo é incapaz de fazer por si só, a racionalidade é quem detém o poder de qualificar e avaliar as condutas humanas.

    Contudo é interessante perceber que durante todo o texto de Eduardo Chavez, o contraponto entre os autores é permeado por pensamentos, senão compartilhados, compreendidos e respeitados, aparentemente. Em muitos trechos Kant parece respeitar e compreender o ponto de vista de Hume.

    ResponderExcluir
  47. Independente da possibilidade de Kant ter tentado ou não refutar a teoria de David Hume, suas teorias sobre a natureza das relações humanas são opostas a dele.
    A proposta básica da teoria de Hume provém da pergunta: "Da onde vêm as nossas distinções morais?" Hume conclui que a conduta não é influenciada pela razão e sim pela moralidade, isso porque "a razão é, e somente deve ser, a escrava das paixões, e nunca pode pretender a nenhuma outra função, a não ser servir e obedecer as paixões". Ou melhor, não há como a conduta ser influenciada pela razão, ela é apenas escrava da moral, pois ela não pode impedir as nossas paixões. Ele também procurou mostrar que, quando se fala filosoficamente,"[a razão] nunca pode produzir ação alguma, nem fazer surgir volições, concluo que esta faculdade é também incapaz de impedir volições, ou de competir com qualquer paixão ou emoção". Mas Hume completa seu raciocínio com a ideia posta no Tratado da Natureza Humana, onde esclarece que o ser humano não detém a visão completa do mundo, o homem possui apenas as impressões que é capaz de captar do mundo. Portanto todas as virtudes e todos os vícios dos homens são apenas impressões sobre a moral deles próprios.
    Kant tenta refutar a ideia de que a razão não influencia na lei moral, "É a sua razão que o "eleva, em dignidade, acima da mera animalidade". Na medida em que ele é razão, contudo, o homem quase que participa do mundo divino. O que o impede de vir a ter uma "vontade santa" i.e., uma vontade que sempre, e necessariamente, concorde com a lei moral"; onde ele tenta mostrar o dualismo razão vs emoção,bonitas naturalis vs. bonitas moralis; imperativo hipotético vs. imperativo categórico; agir por interesse vs. agir por dever; prudência vs. moralidade.
    O problema é que Kant baseia seu argumento na afirmação de que a razão pura pode ser prática, mas sem confirmar como isso seria possível, sendo que, pelo o que aponta o texto do Eduardo Chaves, a argumentação de Kant se baseia em algo que ele não pode provar, fazendo assim com que Kant tenha falhado na tentativa de refutar Hume.

    ResponderExcluir
  48. Acredito que embora opostas em seus modos de analisar a causalidade dos fenômenos e motivações das ações morais, as teorias de Hume e Kant se completam no que diz respeito às motivações que tem o ser humano em relação às suas atitudes.

    Sejamos francos, se deixarmos de sermos indivíduos racionais dotados de poder para decidirmos que ações são moralmente melhores para nós e para os demais, diremos que, seremos indivíduos emocionais, submetidos à passionalidades, ações impensadas e não mensuradas no que condiz com as suas consequências, movidas apenas pelo impulso passional das nossas condições emocionais, de perceber e interpretar as ações à nossa volta.

    A razão deve sim nortear nossas ações, o que nos limita em adotar cegamente a teoria de Kant é adotar que, nada mais além da razão, podem nos influenciar. Da mesma maneira, o que nos limita em relação a teoria de Hume é que as emoções, em sua totalidade, são o motor das nossas ações.
    Para mim, não adianta tirarmos definições formais de que agiremos segundo Hume ou Kant em nossas ações cotidianas, ou adotar tal avaliação para as escolhas de outros. Independentemente do que for decidido por nós, não é certo que seremos motivados em 100% pela razão ou pela emoção.

    Somos seres humanos, dotados da capacidade de pesar a razão e/ou a emoção na definição das consequências de nossos atos, muitas vezes nosso impulso não nos remete à decisão formal de uma ação racional ou emocional, embora estejamos em todas as nossas ações sendo motivados por uma delas.

    Em relação à satisfação do indivíduo na busca da sua felicidade, Hume coloca a busca da felicidade não relacionada com a idéia do dever, uma vez que o indivíduo realizado, é aquele que executa suas vontades, e possui ações cujas motivações são fruto de influências da sua própria natureza. Uma ação certa é aquela que leva a um bom resultado. Já para Kant, a noção de felicidade e realização está diretamente ligada à noção de dever e responsabilidade moral, onde as noções do certo e errado, são necessariamente relacionadas com aquilo que deve ser feito, aquilo que precisa ser feito para ser bom para o conjunto de todos os indivíduos. Uma ação certa é aquela que é realizada por um sentimento de dever.

    Mais uma vez acredito que se complementadas, as teorias podem levar à satisfação dos indivíduos, uma vez que não se pode atingir o sentimento de realização ou satisfação pessoal somente através do que dita nossa emoção, nem sequer somente através do sentimento de dever cumprido ditado pelo que precisa ser feito. Há que se buscar o equilíbrio, onde nossas paixões sejam motivadas pela vontade de se obter a sensação de dever cumprido e vice-versa.

    ResponderExcluir
  49. Para Hume a moralidade não faz parte da esfera da razão em nenhum aspecto, sendo completamente baseada em paixões e sentimento, e a razão em si não é nunca fator que gera ação do indivíduo.
    Kant discorda dessa visão e conscientemente tentou refutar a idéia como um todo propondo uma filosofia que diferente. No segundo capítulo da "Analítica" da segunda Crítica, Kant intercala sua posição com uma semelhante a de Hume de forma alternativa ao analisar os conceitos de bem e mal. Nessa análise a posição de Kant é a de que quando a razão (livre de desejos) determina a vontade; a razão em si, a vontade e ações dela oriunda são necessariamente boas em todos os aspectos enquanto a posição semelhante a de Hume coloca a razão como uma ferramenta que determina ações baseadas somente em noções de prazer e desprazer/sofrimento, de forma que "ações boas" seriam somente um meio para um certo fim, e não são dirigidas por diretrizes gerais (como as propostas por Kant), são dirigidas por preceitos práticos e razoáveis.
    Ambas as visões são parciais. Prazer e sofrimento são levados em consideração de formas diferentes para curto e longo prazo e as motivações de qualquer ação levam sempre componentes de instinto e de razão, contudo isso não necessariamente vai contra a visão de Kant, ações em si podem ser tomadas com base em leis morais semelhantes às máximas Kantianas, sendo assim boas, ainda que suas motivações não sejam de razão pura completamente teórica.
    Uma diferença mais sintética entre Kant e Hume na questão do "bem" e do "mal" é que, para Hume, "bem" e "mal" são noções primárias, enquanto "certo" e "errado" são derivadas dessas, e podem ser definidas pelos resultados à que levam, assim, "ações corretas" são as que tendem a levar a bons resultados e "ações erradas" são as que tendem a levar a maus resultados. Para Kant as noções de "bem" e "mal" podem ser relativas ao objetivo, e que o estado mais próximo do "bem absoluto" que um ser racional individualmente pode (e procura) alcançar é a felicidade, por ele descrita como "A felicidade é a condição de um ser racional no mundo, em cuja existência inteira tudo caminha segundo o que ele deseja e quer. A felicidade se baseia, pois, na harmonia da natureza com os desejos e fins desse ser, bem como com a força motivadora da sua vontade", e, para além do indivíduo, o bem maior é o bem moral, que vem da razão e dita (ordena, não por ser meio para um fim, mas por ser um fim - e um bem - em si mesmo) o caminho da felicidade.
    Hume tenta definir o que é "bom" e o que é "ruim" de forma experimental, verificando as características em comum às coisas boas e as comuns às coisas ruins, e questiona a viabilidade de discernir entre elas por uso apenas da razão. Ele conclui que a razão, sendo inerte, não motiva a moral, que afeta ações e paixões pois algo ativo (moral) não pode derivar de algo inativo (razão). O termo "razão" é definido por Hume como a habilidade de raciocinar(chegar a conclusões, entender de forma lógica).
    Assim, Hume considera a razão só um instrumento para as paixões, e este instrumento nunca às afeta. Existem tendências calmas que podem ser confundidas com a razão e que nos causam conflitos internos. A razão não entra na questão, são às paixões, violentas e calmas que causa conflitos, e esses conflitos definem às ações, contra ou à favor aos nossos próprios interesses. Para Hume, ações más seriam aquelas que geram um certo sentimento de culpa em seu autor.

    ResponderExcluir
  50. Como mutos colocaram em suas postagens, a Teoria de Hume é subjetiva sim, mas não como um fator negativo, mas simplesmente pelo fato de que quando baseada na paixão e emoção, não pode ter valores racionais ou empíricos como a teoria de Kant!
    Hume coloca a razão como sendo algo que vem depois da moral e paixões em uma linha temporal sem escala definida, já Kant coloca como se a racionalidade fosse a base para qualquer moralidade ou ética.
    O ser humano tem muitas de suas ações definidas pela razão, porém nem todas elas são racionais e muitas vezes tem algo sentimental ou emocional que influenciam no final de uma serie de decisões. A teoria de Kant é a que mais se aproxima de um conceito atual sobre ética, porém ao tentar responder Hume e ser muito extremista ele deixa buracos e usa de uma bruto generalização racional.
    Obs.: A publicação acima não esta feito de acordo com as prazos requisitados por motivo de Doença.

    ResponderExcluir